sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Capítulo 29 - A Voz e o Passeio de Verão



Atenção! A história a seguir é recomendada para maiores de 16 anos. Contém temas sugestivos, linguagem inapropriada, nudez e violência.




               Era noite. Uma mulher de cabelos longos e pretos estava sozinha dentro do que parecia ser um quarto e olhava para fora de uma das várias janelas grandes e modernas. Ela observava a lua. O local estava muito escuro e não era possível ver seu rosto. Vestia um longo vestido preto de aparência bem “dark”.  Ela volta sua visão para o quarto e começa a dizer algumas coisas.

                — Caos! Vinte e um... Espírito do ser perfeito... Herdeiros Alfa. O dia do caos se aproxima. O ser perfeito vai dominar e eliminar todos aqueles que não nasceram para herdar. O sacrifício da terra é necessário. Eu posso ouvir a sua voz, eu posso te chamar. Venha até mim!



Karen acorda assustada no meio da noite. O que era aquele sonho?

                Alguns meses se passaram desde os acontecimentos envolvendo o Dark4.  O primeiro período já havia terminado e os alunos começaram a curtir as férias de verão. Eis que o Colégio Valle Diem costumava promover um passeio e dessa vez não foi diferente. Estavam no resort ‘Dolphin M’. O local era novo e havia feito parceria com a escola há pouco tempo. A estrutura era magnífica. Várias piscinas, tobogãs, uma pequena praia artificial e o local ainda era arborizado e gramado na maior parte da área externa. Diversão não faltava.

                Max e Pierre esperavam Karen e Samantha se trocarem. O primeiro estava usando uma sunga preta e que marcava bem o seu corpo. Já Pierre, preferia uma bermuda. As duas aparecem. Sam estava com um bíquini rosa e com detalhes de flores. Karen usava um verde e estava muito tímida. Pierre e Max têm sangramentos nasais ao observarem os detalhes avantajados nas curvas de Karen, mesmo que sua roupa fosse bem mais discreta. Na verdade, todos os garotos estavam surpresos. Luke ouve alguns comentários e vai conferir com os próprios olhos.  Ele fica impressionado e seus amigos comentam que Karen escondia um belo corpo por trás da cara de tímida sem graça. Stephanie se irrita com os comentários do seu grupo de amigas.

                — Gente, olha como aquele biquíni cai bem nela! Ela poderia usar um menor e se mostrar mais!
                — Grande coisa. Continua sendo uma sem graça do mesmo jeito — diz Stephanie.
                — Ora, ora... Então a senhorita popularidade está se sentindo diminuída por ter uma certa medida menor? — pergunta Luke, que estava perto e ouviu o comentário.
                — O quê? — Já se irrita — Quem é que te perguntou alguma coisa, seu delinquente ridículo?
                — Ninguém. Estava apenas pensando alto — diz o garoto, saindo logo em seguida e deixando Stephanie furiosa.

                Uma garota de cabelos pretos e curtos observava Luke. Enquanto isso Max, Pierre, Sam e Karen se divertiam em várias atrações juntos. Todos estavam aproveitando bem o momento e curtindo ao máximo. Era hora do almoço. O grupo se depara com Stephanie e ela mal os cumprimenta.

                — Essa Stephanie... Parece que já se esqueceu do nosso grupo... — Max comenta com Karen.
                —  Ela não falou muito comigo desde o fim da operação ‘Vs.Dark4’. Eu tentei puxar algum assunto, mas ela sempre cortou.
                — Esse é o jeito dela. Desde sempre...
                — Max. Me desculpe se estou sendo incoveniente ou algo do tipo. Mas é impressão minha ou você gosta dela?
                — Ora... Quem diria que a Karen me faria uma pergunta assim — sorri.
                — Foi muito indiscreto? Me desculpe — responde envergonhada.
                — Sem problemas... Bem, posso dizer que talvez sinta algo por ela. Porém não é como antes. Eu passei por uma fase meio confusa depois que fui pro Yamada. Naquele período, acho que o meu sentimento por ela enfraqueceu um pouco. Talvez outra pessoa tenha sido responsável por isso.
                — Entendo...

                Pierre havia ido ao banheiro. Samantha se junta a conversa e Max fica meio sem jeito de continuar contando.  Ele se distrai e acaba esbarrando em Luke que estava segurando um copo de refrigerante e acaba derramando em si mesmo.

                — Opa... Foi mal, cara — diz Max.
                — Foi mal? Foi péssimo seu merdinha lesado!
                — Nossa, caiu refrigerante até no seu...  Ops. Acho que vai ficar um pouco grudento se não secar logo. Então, tem um banheiro aqui perto e...
                — Como é que é? Tá de sacanagem com a minha cara, né? Vou te encher de porrada agora! — responde Luke já furioso.
                — Karen e Sam... Vou precisar fazer um “cooper” antes do almoço. Guardem um lugar na mesa pra mim. Volto já, se tudo der certo. Fui!

                Max corre de Luke e os dois acabam indo pra dentro de um pequeno bosque que havia ali perto.

                — Esses dois. Não é melhor irmos atrás deles? — pergunta Sam.
                — No começo eu pensava que isso seria necessário. Mas pelo tom da situação, no fundo é só brincadeira. Até o Luke parece se divertir com isso.
                — O Luke? Você acha? Ele sempre intimidou todo mundo.
                — Mas com o Max é diferente. Acho que no fundo eles tem tudo pra serem bons amigos, mesmo não parecendo.
                — Essa história de amizade é meio complexa de se explicar. É como no amor. Quando você sente algo por alguém que você nunca esperaria. Sabe como é?
                — Err... — Karen pensa um pouco e fica envergonhada — Sei... Acho que estou passando por isso ultimamente.
                — Hum... Eu percebi. Aliás, diria que não é muito difícil de notar. Infelizmente — diz essa última palavra em uma voz mais baixa e meio triste.
                — O que disse?
                — Nada não. Só que dá pra perceber que você tá gostando mesmo de alguém.
                — Sério? Bem, acho que gosto mesmo dele. Mas sabe como é... Ele é muito popular. Não sei se teria olhos pra mim.
                —Que absurdo. Você é uma garota tão linda e doce. Tem muitas qualidades. Eu mesma posso fazer uma lista delas pra você e não só como uma amiga que gosta muito de você. Não pense que esse seu amor é inalcançável. É diferente de quando você gosta de alguém que se torna muito próximo e descobre que esse alguém está gostando de outra pessoa.
                — Sam... Você está...?
                — Eu? Err... Droga, assim ela vai mesmo achar que... Eu não sei explicar essa sensação estranha que você me passa e o que me importa é te ver feliz — pensa — Não é bem isso, eu diria. Estou te dando um exemplo, entende?
                — Se é assim. Mas saiba que pode conversar comigo. Não sou boa com essa história de amor, mas desabafar pra um amigo é sempre bom.
                —É uma pena não poder fazer isso. Desabafar com a pessoa que... — pensa e logo responde — Pode deixar. Agora vamos almoçar? O Pierre tá saindo.

                Enquanto isso, Max e Luke cansam de correr. Eles já estavam dentro do pequeno bosque e não muito distante do local de almoço.

                — Uma trégua por favor — pede Max ofegante — Eu prometo tomar mais cuidado.
                — Acho bom mesmo...!

                Os dois ouvem barulho de arbustos e uma garota surge. Era a mesma que observara Luke antes.

                — Você é Luke Carvalho, certo?
                — Sou sim. Você é?
                — Hannah. Eu gostaria de conversar com você aqui a noite. Podemos?
                — Bem... Podemos sim. Pode ser depois do horário do jantar.
                — Mas nesse horário todos deverão estar em seus quartos.
                — Sem problema, se é que me entende.
                — Certo — responde feliz — Nos vemos então!
                — Gente... A garota te chamando pra vir aqui a noite. Cuidado com o que vai fazer, hein. Você já pode se tornar pai, não se esqueça — diz isso e ri demais.
                — Ora, seu lesado mariquinha!

                A noite, todos relaxavam em clássicas fontes termais artificiais que o local oferecia. Até a divisão de garotos e garotas existia e alguns entram nus da forma que se costumava fazer isso mesmo. Era nesse momento onde as garotas se juntavam e comentavam sobre assuntos mais femininos, sobre corpo e coisas do tipo. Já os garotos falavam sobre tudo e alguns evitavam comentar sobre assuntos mais ‘quentes’, pois efeitos colaterais seriam facilmente visíveis.

                —Seria muito clichê se nós tentássemos espiar as garotas, não acham? — pergunta Max.
                — Sendo clichê ou não eu aprovo a ideia — diz Pierre.
                — Que carinhas mais infantis. Devem estar na fase que ver uma mulher de biquini já é suficiente pra correrem pro banheiro.
                — Ei! Caras! Eu descobri uma abertura que dá pra ver um pouco do lado das garotas — diz Pierre.

                Luke coloca a toalha e é o primeiro a ir até a divisão e dá um forte empurrão em Pierre. Os outros garotos tentam disputar a visão com Luke e começam a empurrar a divisão demais. Max apenas observava e previa que algo estava prestes a acontecer. Uma parte da barreira é derrubada e alguns garotos caem no lado das garotas. Elas gritam e algumas começam a atirar pedras nos garotos que estavam lá. Karen estava bem escondida, pois era muito tímida. Ela e Sam apenas observavam a confusão de longe.

                Algum tempo depois e todos já estavam em seus quartos. Um número de aproximadamente seis alunos em cada um. Alguns jogavam cartas, fofocavam, contavam histórias, brincavam da clássica guerra de travesseiros. Horas se passaram e já era bem tarde. O silêncio dominava todo o resort. A maioria já estava dormindo. Karen de repente, começa a sonhar algo estranho.

Estou sozinha, caminhando em um local desconhecido. Vejo grama e algumas árvores. É noite. Uma estranha voz me chama. Eu corro e pergunto várias vezes quem era. A voz continua me chamando. Não consegui reconhecer. Era doce e feminina. Senti que estava precisando de mim e me desespero por não encontrá-la. Quem é você? Porque me chama? Vejo uma forte luz e uma sombra imensa de um ser estranho... Um dragão? Não consigo ver direito... Vem na minha direção. Sedento por vidas. Pela minha vida! Socorro!

                A garota acorda assustada. Ela não consegue ficar dentro do quarto e sai pra dar uma volta, mesmo que não fosse permitido. Se perguntava durante a sua caminhada o que teria sido aquele sonho e como a perturbava. É como se ela tivesse sentido que deveria ir para fora e começa a notar que estava caminhando sozinha, como no sonho. Ela decide voltar e fica chocada ao ver Luke e outra garota se beijando.



Próximo: Capítulo 30 – Ataque Noturno

Nenhum comentário:

Postar um comentário