Maylu e Matheo aparecem caminhando dentro de um local moderno,
bonito e um pouco escuro. Pareciam estar no interior de um grande prédio. Os
dois caminhavam em silêncio e não estavam com Karen. Eles entram em um enorme
salão e logo percebem não serem os únicos naquele local. Havia dois homens.
Pelos detalhes, eram aqueles que costumavam conversar dentro de um escritório e
que apareceram observando na vez em que os herdeiros ficaram presos no ginásio
da escola.
— Soube que a missão foi um sucesso. A garota já está no
local determinado?
— Ela está no domínio 5 — responde Matheo.
— Mas esse é o seu domínio. O que ela está fazendo lá? —
pergunta Malthus.
— Eu cuidarei dela enquanto os preparativos não estiverem
prontos. Isso é suficiente para você?
— Tch! Faça como quiser... Eu nem ligo pra isso mesmo.
— E o Momentum? — pergunta Mest.
— Acho que não funcionou 100% — comenta Matheo.
— Encontramos um garoto bonito quando fomos buscar a garota.
Talvez ele seja imune à esse negócio — diz Maylu.
— E onde está a grande ‘Mistress’? — pergunta Matheo.
— Trancafiada dentro de seu domínio. As suas ordens foram a
de não ser incomodada — comenta Mest — Acredito que ela esteja se preparando
para a cerimônia.
— Não aguento a inconstâcia dessa mulher e — comenta
Malthus.
— Cuidado como usa as palavras ao se referir à grande
‘Mistress’, caro Luratti.
Em poucos segundos uma rápida movimentação acontece. As
pessoas mal conseguiram ver o que ocorreu. Mest estava na frente de Malthus e
encarava o outro homem que havia dito aquelas palavras. Ele segurava uma lança
de diamante. Era um homem alto de cabelos brancos acinzentados, porém jovem e
que usava um terno e uma espécie de colete acoplado. Era conhecido como M.Spencer
Venom. Seu primeiro nome era
desconhecido.
— Ora, ora... Rápido como sempre quando se trata de defender
seu amigo. Que isso sirva de aviso
para que ele tome cuidado quando citar o nome da Mistress.
Malthus havia reparado que Spencer havia se aproximado dele
com a lança e Mest se colocou na frente para evitar que ele fosse machucado. O
seu coração bate de forma acelerada e ele se irrita.
— E eu devo adverti-lo quanto a sair apontando esse seu
“brinquedo pontudo” pra qualquer um quando bem entender — ironiza Mest.
O clima estava tenso. Mest e Spencer se encaravam e não
diziam uma palavra sequer. Seus olhares expressavam uma batalha mental que só
os dois podiam enxergar. Maylu estava preocupada. Aquele era o encontro deles
depois de alguns meses sem se ver e tudo já estava daquela forma.
Inesperadamente, alguém surge correndo.
— Yahoo! Cheguei gente!
Todos olham para ver quem havia chegado. Era uma mulher de
cabelos roxos e que estava usando um vestido preto e branco. Lembrava
ligeiramente o visual de uma empregada, porém era mais formal. Seu nome era
Marky. Ela esboçava um sorriso e parecia ser bem diferente dos outros que
estavam na sala. A garota percebe que todos estavam em um clima tenso e olha de
um lado para o outro sem entender o que estava acontecendo.
— Oh... Há quanto
tempo, querida Marky — diz Spencer.
— Spennnn!
— Marky, sua linda. Não vai vir me cumprimentar? — pergunta
Maylu com um olhar sensual.
— May!
Marky
corre na direção de Maylu e as duas se abraçam naquele nível ‘amiga quase
pulando em cima da outra’. Em seguida, ambas se olham e surpreendem a todos com
um belo beijo. As duas olham para os rapazes e Maylu pergunta.
— Qual
o problema de vocês? Somos apenas duas amigas se cumprimentando. Não fantasiem,
queridinhos.
— Bem,
eu não esperava que amigas se cumprimentassem dessa forma tão íntima — diz
Matheo.
— E
qual o problema? — pergunta Marky ingenuamente — Vocês também não se
cumprimentam assim?
Os
quatro homens olham com uma cara de “O que você está perguntando?” para
Marky. Malthus responde envergonhado:
— Vejam
só os absurdos que essa mulher está dizendo. Como se eu me interessasse por
esse tipo de coisa. Tch!
— Você
tá vermelho, Malt! — diz Maylu para provocar.
— Não
estou! E q-quem te deu liberdade pra me chamar dessa forma?
— Está
sim. Por acaso eu posso dizer que em sua cabeça nesse momento você imagina um
grande beijo com um dos homens dessa sala, estou certa?
—
Cale-se mulher incoveniente!
— Usa
seu poder e descobre, May — sugere Marky.
—
Excelente ideia! Que tal se eu —para ao sentir uma presença forte se
aproximando do local.
Todos
os seis mostram reverência à pessoa que estava entrando. Era perceptível que
Malthus fazia isso por obrigação e não demonstrava nenhuma satisfação em vê-la.
A pessoa então entra. Era uma mulher. A tão comentada ‘Mistress’. Sua pele era
branca e um pouco pálida. Ela tinha cabelos longos e pretos e usava um vestido
da mesma cor. Seus lábios estavam cobertos por um batom de cor prateada e seus
olhos... Esses estavam completamente desfocados e eram acinzentados.
— Agora
que todos os membros da Sociedade M. estão reunidos nessa sala, começaremos
oficialmente os preparativos para a ‘Noite do Dragão’.
— Sim,
grande Mistress — todos respondem.
— O dia
finalmente chegou. Dentro de algumas horas, o ritual se dará início e a garota
será sacrificada. Tudo por um novo amanhã. Um amanhã onde aqueles que foram
oprimidos por essa sociedade sem escrúpulos irão reinar.
—
Grande Mistress, os três grandes do meu esquadrão já estão chegando. Quais são
as ordens para eles, nesse momento? — pergunta Spencer.
— As
minhas ordens...? — de repente a mulher tem uma estranha visão e começa a
passar mal.
Spencer,
Marky e Mest correm para socorrê-la.
— Lu...
Digo, Grande Mistress! Está tudo bem? — pergunta Marky.
— Estou
só um pouco fraca... E estou vendo algo...
— É
alguma coisa a respeito da grande cerimônia de hoje? — pergunta Mest.
— Herdeiros!
Eu os vejo!
— Como?
— pergunta Spencer — Eles não foram absorvidos pelo Momentum? Matheo, o que
significa isso? Não me diga que aquele garoto que vocês viram era um...
— Eu
não tenho certeza. Mas se ele tinha alguma ligação com a herdeira da terra, é
provável que si
— E que
tipo de poderes ele tinha? — pergunta Spencer.
—
Lembro de chamas nas mãos dele. Parecia ser bem quente — comenta Maylu.
— Eu
estou vendo... Eles estarão aqui!
—
Impossível! Como descobririam a nossa localização? — questiona Spencer.
— Não
duvide do destino. Eu havia dito que eles estariam no nosso caminho e isso não
poderá ser mudado.
A
mulher começa a sentir tontura e fortes dores de cabeça. Mest nota que algo
estava acontecendo e olha rapidamente para Malthus. A Mistress fecha os olhos e
logo em seguida abre rapidamente. Eles brilhavam e ela se levanta facilmente,
como se nada tivesse acontecido.
—Herdeiros...
Eliminem um por um. Não deixem que se aproximem do nosso sacrifício e muito
menos dos artefatos. Façam com que eles experimentem do inferno se necessário!
Eu preciso viver... Eu preciso me libertar. Acabem com eles! — diz a mulher em
um tom de voz bem diferente.
Spencer
diz que faria tudo o que a Mistress ordenava.
— Agora
irei até o meu domínio. Espero não ser incomodada por nenhum de vocês. Me
comunicarei mentalmente caso sinta necessidade. Não deixem aqueles herdeiros em
hipótese alguma pisar no vigésimo primeiro andar.
A
mulher sai caminhando e entra no elevador mais próximo. Mest e ela se olham por
alguns segundos enquanto a porta não se fechava. Após a saída da Mistress,
Spencer toma uma decisão.
—
Membros da Sociedade M., preparem-se! Os herdeiros alfa estarão aqui de alguma
forma e a nossa missão é eliminá-los como disse a Mistress.
— E
você acha que nós não ouvimos ela falar? Estou indo para o meu domínio — diz
Malthus e sai.
— Faça
como quiser! — responde Spencer.
—
Hey... Spen! Eu queria conversar algo com você... — diz Marky com um olhar um
pouco triste.
— Agora? — Um som de
‘beep’ é ouvido do comunicador de Spencer — São eles! Meu esquadrão acabou de entrar
na empresa. Vou lá recebê-los e assim que possível, poderemos conversar, certo?
— Certo...
— Maylu, Matheo e... Mest... Bem, fiquem atentos a qualquer
movimentação estranha e se preparem da forma que a Mistress havia explicado
naquela reunião que tivemos. Estou indo.
Mest sai e vai ao encontro de Malthus, que parecia não estar
nada confortável.
— Notou? — pergunta Mest.
— Sim... É como você disse. Não parece ser ela... Mas é tão
irritante quanto.
— Ela já não tem mais controle, infelizmente.
— E o que pretende fazer?
— Seguir com o plano, ora! Já estamos nessa, então
continuemos. Tenho a sensação de que esses herdeiros já devem estar dentro do
prédio.
— Como? Com essa quantidade de câmeras e a segurança... Já
teriam sido no mínimo detectados.
— Eles são mais espertos do que imaginamos... Aqueles
garotos...
Enquanto isso, na garagem do subsolo...
Um local grande e dividido em algumas partes. O furgão
estava estacionado na parte central. Stephanie e Luke estavam na expectativa de
saírem debaixo da lona e de dentro do automóvel. Porém, os três guardas do
esquadrão ainda estavam lá. De repente alguém se aproxima deles. Era Spencer.
Ele pergunta como foi a missão e se o garoto que eles haviam encontrado usava
chamas. Os guardas disseram que ele não havia usado isso pra se defender.
— Droga! Vocês acertaram o alvo errado! Esse garoto já deve
estar aqui dentro do prédio! Vou acionar a segurança máxima do edifício!
Vasculhem tudo e fiquem em alerta imediatamente!
Spencer vai embora, porém os guardas continuavam no subsolo.
Um deles sugere que vasculhem o furgão, pois o garoto poderia estar escondido
lá. Luke diz a Stephanie que essa era a hora de fazer alguma coisa ou seriam
mortos.
Próximo: Capítulo 33
– Subsolo do Terror
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